Depois das crônicas de “Cenas do Centro do Rio” I e II, o autor optou por uma coleção de crônicas e minipoemas que, a princípio, deixam o início e o fim das pequenas histórias em aberto, ficando para o leitor a imaginação pré e pós.

Baseado em experiências pessoais e imaginárias de Paulo, “Os trechos” é ambientado em vários lugares do Brasil, mas essencialmente no Rio de Janeiro, de acordo com a verve carioquíssima do autor.

“Deitada nua em cima da cama do quarto de hotel, com sua esplendorosa beleza física, por volta das onze da noite de uma segunda-feira qualquer, Pat esperava um sinal de amor em forma de mensagem, talvez estranha, talvez mais importante do que pudesse parecer, mas a verdade é que ela não queria ler nada vindo dos mesmos homens que teve em sua vida, mas sim daquele que jamais lhe pertencera e que, por isso, lhe parecia ser o mais importante, o definitivo, o permanente, mesmo que só fosse um “boa noite” qualquer, para ter certeza de que o amigo, ou amante imaginário, ou desejo íntimo, tivesse se lembrado dela por qualquer coisa. Não precisava ser amor, tesão, paixão, nada,
mas ao menos a sensação de que, por um instante, ele pudesse ser seu. Era difícil para ela entender porque Frankie jamais tinha ficado com ela, nem a
namorado, nem tivessem tido uma ou muitas noites tórridas de sexo puro, não tivessem trocado seus melhores fluidos de homem e mulher – e isso a excitava de tal forma que ela nunca deixava de pensar a respeito, mesmo quando estava bem casada.

Olhava para o teto, a luz apagada, a noite de esguelha na cortina quase toda fechada, quando o plim do smartphone tocou uma, duas, cinco vezes e avidamente começou a procurar no Messenger.”